segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Obscure - Chapter nine

"Ele ou Ela?"

Alabama, Estados Unidos
13 de Setembro de 1991
Hoje era realmente um dia de azar para aquela família.
O cano gelado da arma encostava-se à testa da mulher, que estava amarrada, ofegante e lágrimas rolavam por seu rosto só de pensar que daqui a poucos minutos isso a tiraria de sua filha. De sua família.
Não era uma brincadeira. A arma não era de brinquedo. O homem puxou o gatilho, agindo como se fosse a coisa mais normal do mundo.
— Esse — proferiu o homem que estava segurando a arma, dirigindo-se a outro que, como a mulher, estava amarrado e chorando — é o preço que se paga quando não cumprem o que se foi planejado. E você foi avisado sobre isso, não foi?
— Eu... eu jurei. — começou a gaguejar — Jurei que iria pagar, só precisava... precisava de mais tempo.
— Nós não temos mais tempo — elevou seu tom de voz, batendo levemente a arma na testa da mulher, e em seguida rindo —, e agora você terá que pagar com o que tem de mais valioso.
— Por favor — disse em um fio de voz, soluçando.
— Seu tempo acabou. Game Over — disse para a mulher, e antes que desse tempo até mesmo de ela soluçar pela última vez, ouviu-se o barulho de um tiro. Uma explosão de sangue saiu por trás de sua cabeça — ou, pelo menos, do que era —, então se fez silêncio, a não ser pelas lamurias do homem.
O assassino desamarrou as cordas do corpo sem vida da mulher, que deslizou da cadeira para o chão, como um boneco de pano. Imóvel, seus olhos bem abertos. O homem ainda se lamentava, pensando em como iria dar a horrível notícia para sua filha, de apenas cinco anos.
Amélia Clarke.

 
Atlanta, Geórgia, Estados Unidos
Dezembro de 2004
— Já sabemos que ela morreu de afogamento — continuou Cher, a ajudante de Niall. Ambos estavam no necrotério – bom, eles e Laura.
— Sim, mas não foi só isso. Não pode ter sido só isso. — rebateu, mexendo em seus cabelos loiros e analisando o cadáver — Já volto — disse, saindo da sala e dirigindo-se à máquina de café que havia no laboratório. Havia passado a noite no laboratório analisando cadáveres e não havia dormido nada, apenas se mantido acordado com copos e mais copos de café.
Sentou-se na poltrona que havia na sala e pensou um pouco. Teria que fazer esse sozinho e, de preferência, disposto e muito bem acordado. Cher era apenas uma iniciante e Niall não estava em suas melhores condições.
Acorde, Niall. Pense um pouco. Vozes ecoavam em sua cabeça. Esperou o café fazer efeito sobre seu corpo e voltou para o laboratório, onde Cher esperava em pé, analisando um ponto específico do cadáver, atentamente.
— Achou algo? — perguntou, preocupado.
— Sim. Olhe o pescoço — observou, atento, onde havia leves manchas roxas espalhadas por seu pescoço, formando um arco — ela também foi asfixiada, mas não o suficiente para morrer. Pelo visto...
— Seu assassino não era tão forte assim. — Niall a cortou, analisando o corpo mais uma vez — Atlanta’s Knife usa uma faca, por que talvez não seja preciso colocar tanta força.
Os dois se entreolharam e disseram, em uníssono.
— É uma mulher.
Rapidamente, Niall pegou o celular.
(...)
O Tenente Malik estava em seu escritório resolvendo mais alguns assuntos, mas nada de tão importante, até que seu telefone toca.
— Doutor Niall? — perguntou — Achou alguma coisa?
— AK é uma mulher. — disse de prontidão. Malik demorou alguns segundos para digerir a informação — Não temos tanta certeza, mas se fosse um homem, teria matado Laura com muito mais facilidade, apenas asfixiada. Mas além disso, ela ainda foi afogada e esfaqueada.
— Você tem certeza de que ele ou ela não queria se divertir?
— Com certeza, ninguém ia querer ela morta. No mundo das drogas ela era considerada uma artista.
Uma onda de adrenalina percorreu o corpo do Tenente. Se Atlanta’s Knife for mesmo uma mulher, as hipóteses de ela ser Amélia Clarke. Era coincidência demais para ser verdade — ou melhor, para ser mentira — e, além do mais, ela estava perturbada demais.
— Você acha que isso pode ter alguma ligação com 10 de Março? — perguntou sem pensar. Talvez para ela, quem sabe, isso fosse um jogo e o prêmio fosse... agora tudo fazia sentido.
— Faz... sentido. — ponderou a ideia por um tempo — Agora que ela já tem 18 anos, não perde tempo pra conseguir vingança, e vai continuar matando até ter o que quer.
Um sorriso radiante se formou no rosto do Tenente Malik. Talvez estejam prestes a solucionar o caso que, com tão pouco, marcou a cidade de Atlanta por inteiro e, se não for resolvido com urgência, pode marcar muito mais e de uma forma bem mais grave. Talvez com isso eles também pudessem solucionar o caso 10 de Março, que já está arquivado há quase dez anos. Ninguém queria que ficasse por mais um.
O tenente se dirigiu até o armário, onde ficavam confinadas as informações sobre mais diversos casos — mais precisamente na letra A, Atlanta’s Knife. Pegou a pasta branca e voltou para sua mesa, pegando a ficha de cada vítima e espalhando por sua mesa. Leu atentamente cada descrição.

Josh Kingdom: Grande ícone do tráfico de drogas, e possui um negócio clandestino. Uma boate, de fachada para o tráfico de mulheres.

Karina Johnson: Fabricava e traficava suas drogas, mas, além de vende-las, também era conhecida por usá-las, também comprando de outras grandes redes.

Laura Rodriguez: Muito conhecida no ramo das drogas e, por muitos, considerada artista, tinha um laboratório em sua própria casa onde fabricava e vendia metanfetamina pura.

Marcus: Era conhecido por matar pessoas por asfixia — praticamente, sua marca registrada —, em maior número prostitutas, sendo registrados mais de 20 casos. Também trabalhava no ramo das drogas, fabricando e traficando ecstasy.

Oliver Hawkings: Criminoso especializado no tráfico das mais variadas drogas. Tambémtrabalhava com assassinatos e tráfico de armas de fogo. Em cinco anos, conseguiu ser preso algumas vezes, e em todas elas pagou fiança, ficando apenas alguns dias na cadeia.

O Tenente pigarreou. Nunca havia prestado tanta atenção em como as coisas estavam ligadas. AK só matava traficantes, sejam nacionais ou internacionais; provavelmente ela foi contratada ou até mesmo faz parte de alguma gangue de traficantes e assassinos, para tirá-los de seu caminho.
Se foi mesmo Amélia Clarke a tão aclamada assassina, o Tenente Malik iria acabar entrando em uma teia cheia de perigos, onde até mesmo as autoridades, como ele, jogam pela vida. Mas, por toda a informação que pudesse conseguir, jogaria com afinco.
Continua...


Nenhum comentário:

Postar um comentário