terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Obscure - Chapter ten


   

Dito e feito, o Tenente Malik começou a vigiar cada passo de Amélia desde então. Mas não como tenente, e sim como Zayn. Sem seu uniforme e até mesmo sem a barba, tal esta que te acompanha em sua carreira e é sua marca registrada há anos.


Observava cada passo da garota, aonde quer que fosse, mas de uns dias pra cá, constatou que ela não tinha feito nenhuma vítima, e estava logo desistindo.




Amy estava vagando pelos corredores da pensão, pronta para fazer uma caminhada no parque, bem em frente. Aproveitou e olhou pelas janelas grandes do corredor que o tempo estava ameno e, em sua opinião, muito bom. Mas não foi isso que chamou sua atenção, e sim o par de olhos cor de mel que a encarava, do lado de fora.


Seu dono estava escondido entre as árvores do parque, mas Amy tinha certeza que pertenciam ao Tenente Malik. Seu olhar automaticamente mudou para espanto, e ela logo fechou a janela e se virou para ir embora.


Mas Pietro estava bem atrás dela, o que a fez recuar. A menina engoliu em seco, ele a encarava com o semblante sério. Amy tentou ir embora, mas ele a empurrou de encontro com a parede. Ela resolveu não contrariar, por motivos de força — e autoridade — maior.


— Quem estava ai fora.

— Ninguém, oras.


— Quem estava ai fora. — repetiu, claramente querendo uma resposta.


— Malik — sussurrou, olhando para um ponto fixo atrás de Pietro, tentando ignorá-lo. Percebendo, Pietro força Amélia a olhar diretamente para seus olhos.


— Diga mais alto — ela engoliu em seco.


— Tenente Malik.


Com raiva, Pietro bateu na parede a poucos centímetros de seu rosto. Amy encara ofegante sua mão, que repousava no mesmo lugar. Se tivesse alguns centímetros mais para o lado, iria atingir-lhe, e muito provavelmente a deixado desnorteada.


— Que droga Amélia, será que você não consegue fazer nada direito?! – reclamou, visivelmente bravo.


— Que eu saiba, a assassina considerada a mais cruel fui eu, não você – disse, dando ênfase e se desvencilhando de Pietro. Mesmo não tendo olhado para trás, pôde sentir seu olhar de ódio queimando sobre sua pele.






Pietro desce para a cozinha, onde encontra Elizabeth fazendo panquecas em frente ao fogão, e seus três comparsas sentados à mesa, conversando. Faz um gesto para que os três subissem até seu quarto.


De longe, era o melhor cômodo de todo o estabelecimento. Possuía o dobro de um quarto normal, um banheiro próprio e até mesmo um frigobar, o qual Adam tirou um energético e tomou três goles de uma só vez.


— Amélia está trazendo problemas — o trio se entreolhou, sabiam o que isso significava. Quando alguém estava “trazendo problemas”, geralmente era por que estava na mira da polícia.


— E o que nós vamos fazer? — Holland, a ruiva, perguntou.


— O que sempre fazemos. — piscou — estejam prontos às onze horas, sem atrasos.


(...)


Depois do ocorrido, Amy havia desistido de sair para ficar trancado em seu quarto fazendo as mais variadas coisas, menos sair.


Estava prestes a dormir quando seu telefone toca, fazendo o som alto ecoar por todo o cômodo silencioso. Olhou no visor e constatou que era A.


— Amy — estava com a voz um pouco estranha e alterada —, me desculpe por não poder comparecer pessoalmente, tinha alguns afazeres, mas vamos lá.


— Ok.


— O felizardo de hoje se chama CGB — riu pelo nariz.


— Se chama?


— Apenas uma abreviação, enfim. Aqui está o endereço e algumas informações que precisa saber... — ela a informou detalhadamente sobre o tal CGB, e pelo visto essa seria uma das vítimas mais difíceis, pois havia muitas exceções — Ah, e use a arma.


Amy engoliu em seco.


— A arma?


— Sim. Boa sorte — desligou o telefone. Amy pressionou-o contra o peito. Nunca havia pegado em uma arma, e muito menos sabia como usá-la.


Olhou no relógio. Ainda eram cinco horas. Faltavam mais seis para o crime ser realizado. Com toda a sua força de vontade, ela pesquisou tudo o que conseguiu sobre como usar armas, e assistiu séries policiais. Enfim, estava ‘pronta’.


Foi até o banheiro, preparando-se para um banho longo. Vestiu suas habituais roupas para uma noite de crime: pretas, que se perdem junto com as sombras. Ótimas para um disfarce. Voltou para seu quarto e pegou o álbum de fotos que estava escondido em seu guarda-roupa. Abriu-a e sorriu ao ver a arma, esperando por ela.


Desceu as escadas, caminhando até seu carro e ligou o GPS, colocando no endereço indicado. A viagem iria ser longa.




Mais atrás, o Tenente Malik a seguia com seu simples carro, longe o bastante para não ser visto, e perto o bastante para não perdê-la de vista. A viagem durou pelo menos meia hora, até chegarem em um dos bairros mais ‘barra-pesada’ de Atlanta.


Observou, dentro de seu carro, Amy arrombando a porta de uma das casas com muita facilidade, e em seguida entrando. Sorriu com triunfo, fechando a porta do carro.


— Finalmente — murmurou, se aproximando lentamente.


Amy andou com cautela por sua casa, até chegar ao quarto do suposto CGB. O homem possuía barba e cabelos longos e negros, e uma mulher – com as madeixas da mesma cor – dormia ao seu lado. Amy respirou fundo e separou os pés, posicionando a arma como lhe fora ensinado. Fechou os olhos lentamente e engatilhou a arma. A mulher ouviu e começou a gritar, a plenos pulmões.


Amy tomou uma atitude e, sem mais delongas, atirou na mulher. Por sorte, ela havia mirado bem, acertando-a bem na cabeça. Seu corpo sem vida caiu no chão, inerte.


— O que você está fazendo na minha casa? — perguntou assustado, tateando algo debaixo de seu travesseiro. Provavelmente alguma arma, que não estava mais lá.


— O que você acha? — sorriu de canto. O tal CGB pegou seu tão procurado revólver, apontando-o para Amy com as mãos trêmulas. Sem hesitar, ela atira em seu braço. O homem urra de dor e cai no chão. Amy coloca o pé em cima de seu tronco e aponta a arma para sua cabeça.


— Ora, ora, ora. Acho que hoje não é o seu dia de sorte, não é, ‘CGB’? — zombou, engatilhando a arma novamente.


— E pelo visto nem o seu, AK. — uma voz disse, bem atrás de Amélia. O susto a vez disparar a arma, que explodiu os miolos de CGB. Era o Tenente Malik.


Amy engoliu em seco. Havia sido pega no flagra. Em poucos segundos já estava sendo algemada e levada para seu carro. Ela o olhou com os olhos marejados.


— Por favor, não foi culpa minha. — se culpou por falar uma coisa tão estúpida, mas era a única frase completa que era capaz de falar no calor do momento. No calor desse momento. O Tenente riu pelo nariz.


— Que eu saiba quem estava empunhando aquela arma era você, não?


— Mas não sou só eu que estou nessa.


Ele a encarou, com um olhar enigmático.


— Certo, mostre-me e talvez suas consequências não sejam tão ruins assim.


Continua...




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