segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Obscure - Capítulo extra


10 de Março de 1993
Finalmente, havia chegado o tão esperado dia. O aniversário de 7 anos de Amélia Clarke.
Como a ocasião era especial, exigia muitos preparativos, como os enfeites para festa — sem esquecer o gigante bolo de chocolate — e um vestido e sapatos novos. Afinal, não é todo o dia que se faz 7 anos. E como esse era o número preferido de Amy, é com certeza uma grande sorte, o que torna ainda mais especial.


 
A festa já havia começado, e estava perfeita: tios, tias, primos, avós, todos estavam lá, rindo e conversando, enquanto beliscavam alguns salgados. Crianças corriam por toda a parte, brincando de qualquer coisa que aparecesse. Seu pai estava conversando com alguns adultos, e com um sorriso estampado no rosto.
Enfim havia chegado a hora dos parabéns. Colocaram o bolo de chocolate — muito suculento, por sinal — em cima da mesa principal, cercado por alguns docinhos, também deliciosos. Amy subiu no banquinho, para alcançar o topo da mesa, apagaram as luzes e acenderam as velas.
— Parabéns pra você, nesta data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida... — a porta de abriu em um estrondo. O sorriso de seu pai sumiu imediatamente e todos ficaram tensos quando três homens de aparência medonha entraram em sua casa. Sem se importarem de interromper um momento tão especial — o que a menina achou uma tamanha falta de educação — caminharam tranquilamente até a cozinha, como se a casa fosse deles.
Os dois homens, do lado, usavam ternos e calças sociais pretas, e sapatos bem polidos. Já o do meio — e o mais assustador, sem dúvidas — usava um casaco amarelo escuro, como os dos detetives de filme policial, usava um chapéu nada amistoso e fumava um charuto. Seu cheiro ruim se alastrou pela casa toda, o que fez Amy tampar seu nariz. Mas mais ninguém pareceu se importar, exceto seu pai, que foi correndo atrás deles, e então Amy percebeu que havia algo errado. Mesmo assim, a festa continuou, como se nada tivesse acontecido.

— O que você veio fazer aqui?! — Alfred sussurrou, incrédulo, para os homens, que vasculhavam cada centímetro da pequena cozinha — É o aniversário da minha filha!
— Vim te alertar. — Lucca disse, ignorando o rapaz — Soube que ele — enfatizou, falando em uma certa pessoa em especial — está planejando acabar com você. Hoje
Alfred arregalou os olhos, atônito.
— Não pode ser... Isso... isso é mentira, não é? Você está querendo me assustar! — enterrou os dedos em seus cabelos louros, bagunçando-os, em sinal de nervosismo puro. Lucca apenas deu um sorriso de canto, se divertindo com a cena — Você está brincando, não é, Lucca? 
O homem apenas balançou a cabeça, em sinal de negação. Alfred escorou as mãos no balcão da cozinha, tentando convencer a si mesmo que aquilo era apenas uma mentira, e que ele não devia sentir medo. Mas o seu irmão não iria sair de um serviço tão importante, ir até a sua casa e expor sua imagem para lhe contar uma mera mentira.
— É melhor você sair da sua casa antes das seis da manhã. 
— Eu não posso. Tem o meu trabalho, e tem Amy. Ela só tem sete anos — fraquejou, temendo que acontecesse à ela o mesmo que aconteceu à Eva. 
— Isso vale a vida de Amélia? Isso vale a sua vida? 
— Eu não sei. Não sei! — elevou o tom de voz. — Eu... vou pensar no seu caso. 
— Certo. Pense com cuidado, pois qualquer escolha pode ser fatal. — deu mais uma tragada em seu charuto, e ele e seus homens saíram da cozinha, continuando a vasculhar a casa toda, procurando algum vestígio que ele pudesse ter deixado, uma bomba ou derivados, para matar a família Clarke. 
A festa já havia acabado, faltavam menos de 5 pessoas para irem embora, e os olhos de Amy já estavam pesando. Colocou seu pijama e escovou seus dentes. Como não havia encontrado o pai — que provavelmente foi se despedir dos convidados no portão — foi logo dormir, arrastando seu urso junto.

Já eram seis da manhã, e Lucca dirigia calmamente pelas ruas do Alabama, a procura da casa da família Clarke. Um belo plano já estava inteiramente arquitetado em sua cabeça, e com certeza não iria falhar. Estacionou seu carro a cinco quadras de distância da casa e foi caminhando calmamente até seu destino.
Vasculhou o lado de fora da casa, procurando por alguma luz acesa. Visto que não havia nenhuma, caminhou até o seu destino final: a janela do banheiro. A qual todos esquecem de trancar, e o alvo mais fácil das casas. Só os mais espertos se lembram dela, e Pietro era um deles. 
Sem muito esforço, visto que a janela era baixa, subiu nas paredes e abriu a janela, estando dentro da casa em poucos segundos, e em silêncio. A única iluminação era a da lua, que vazava por entre as persianas, parcialmente fechadas. Sendo guiado por esta, caminhou sorrateiramente até a cozinha, e então até o gás, que estava coberto por um pano decorado. Colocou suas luvas pretas e abriu todo o gás, e não demorou muito para que ele se esvaziasse e preenchesse toda a cozinha com seu cheiro forte. 
Foi em passos lentos até o interruptor e acendeu-o. Sem tanta pressa, foi até a porta dos fundos e destrancou-a, caminhando de volta para seu carro sem olhar para trás, nem mesmo quando a a casa em que estava a poucos minutos explodiu em chamas. 

Bang

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