segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Obscure - Chapter sixteen

Não demorou muito para que olhares conhecidos se cruzarem, e se darem conta de que estavam no mesmo Cassino.
Que os jogos comecem.

 
Os casais continuaram se encarando, como se ainda não houvesse caído a ficha da grande coincidência que estavam presenciando. A expressão calma de Amélia mudou para assustada automaticamente, assim que cruzou seu olhar com o par de olhos caramelados que conhecia muito bem. Enquanto isso, a expressão aterrorizada do casal Lerman indicava que precisavam fugir.
Os três estavam a uma distância considerável uns dos outros, portanto daria tempo de alguém fugir antes que o outro o alcançasse. Mas quem se moveria primeiro?
O olhar de Melissa seguiu as mãos de Pietro, indo cautelosamente até o seu destino: o bolso de seu paletó. Devolvia o olhar para a detetive, mas por sua vez instigando-a, com uma sobrancelha erguida, em sinal de desafio. Os olhos de Holland também o encaravam com curiosidade. Em um movimento rápido, retirou o revolver de lá dentro e deu um tiro para o alto. Não demorou muito para que a multidão começasse a correr em diferentes direções.
— Droga! — a detetive murmurou, começando a procurar Pietro dentre a multidão. Abriu discretamente sua bolsa e de lá tirou seu revólver, e escondeu-o atrás de suas costas.
Enquanto isso, Amélia e Lucca estavam escondidos atrás dos grandes pilares do Cassino, agora vazio. Os seguranças haviam fechado as portas, pois não queriam que os supostos assassinos fugissem enquanto a polícia não chegasse. Estavam encurralados em um esconde-esconde perigoso. Podiam estar em qualquer lugar.
— Esconda-se — disse Lucca, entregando um de seus revólveres reserva para Amy, que hiperventilava —, eu vou procurar por Pietro.
— Não, por favor — suplicou. O homem suspirou, olhando para os lados.
— Vai ficar tudo bem — murmurou suas últimas palavras antes de sair cautelosamente de trás do pilar. Amy deixou suas costas escorregarem pelo material de mármore, e os soluços formaram um nó doloroso em sua garganta. Mas não era tempo de chorar.
Enxugou as lágrimas que teimaram e cair e escondeu seu revólver atrás das costas, se fazendo de desentendida e andando pelo perímetro vazio do Cassino. Estava totalmente vazio e silencioso, exceto pelo som dos saltos, ecoando pelo local. Subiu cautelosamente as escadas até o segundo andar.
Pietro estava escondido atrás da porta de um cômodo que não se deu ao trabalho de identificar. Sua arma estava preparada em suas mãos, o dedo no gatilho. Prendeu a respiração ao espiar, pela fresta da porta, Lucca se aproximando.
Assim que chegou a uma proximidade considerável, se revelou, não querendo ser pego de surpresa.
— Então nos encontramos de novo, Lucca — proferiu, puxando o gatilho. Recebeu um grunhido em resposta, e uma arma mirando em sua cabeça. Os dois ficaram assim por um bom tempo. Amélia parou no topo da escada, paralisada pela cena. Tentou a todo custo conter as lágrimas, e nem notou Holland se aproximando por trás e colocando uma faca em seu pescoço.
— Não se mexa — sussurrou em seu ouvido, forçando a faca em seu pescoço. Um filete de sangue escorreu até o decote de seu vestido, mas ela não estava dando a mínima.
— Amy, Amy, Amy. — disse, da mesma forma de quando havia atirado em seu abdome — Não se mexa, ou o seu tio querido aqui morre.
Olhou para Lucca, que a encarava com um olhar que ela conhecia como mais ninguém. Eu vou ficar bem.
— Não! — se desvencilhou da faca de Holland, e caiu de joelhos no chão no mesmo instante em que o tiro foi disparado. Um tiro certeiro. A bala passou direto por seu pescoço, rompendo sua jugular. O sangue saía aos montes, e em poucos minutos estaria morto. Não havia mais nada a se fazer.
Ela se levantou interceptando Holland, que vinha em sua direção com a faca, já empunhada. A ruiva caiu da escada com tamanha força. Os detetives subiram as escadas correndo assim que ouviram o barulho do primeiro tiro. Cher tentou reagir, puxando sua arma, mas Pietro foi mais ágil, acertando um tiro em seu ombro. Louis não hesitou em socorrê-la, levando-a para o mais longe dali. Os que sobraram observavam, de longe, a vingança de Amélia.
A arma de Pietro foi engatilhada, mas no mesmo instante o revólver de Amélia já havia atirado. Pietro caiu de joelhos no chão frio, suas grandes mãos cobrindo as duas balas, que o atingiram no peito, quase ao mesmo tempo. Sorriu vitorioso antes de seus olhos perderem a cor e seu corpo perder a vida, caindo inerte no chão.
Enquanto era algemada, Amy observava quase sem piscar o cadáver de Pietro sendo envolto no saco negro do IML, se questionando se ele não deveria ter sofrido mais em seu leito de morte. Uma lágrima solitária escorreu por seu rosto, mas dessa vez de alegria, e por um momento se permitiu sorrir. Por mais terríveis que tenham sido as consequências, havia acabado. Enfim, os meses de tortura haviam acabado.
— Acho que você vai passar alguns anos na cadeia mocinha — o Tenente proferiu sério, mas havia um brilho divertido em seus olhos. Finalmente havia pegado a sua presa mais difícil.
— Eu mereço isso — disse, olhando em seus olhos —, eu sou uma inútil.
Dessa vez Amy não saiu da vista dos policiais no curto caminho até a viatura, para estarem seguros de que ela não iria fugir desta vez.
Os policiais que restavam procuravam por Holland, mas concluíram que ela havia fugido em um meio tempo. Não havia deixado pista alguma.
O julgamento de Amélia Clarke ocorreu dois dias depois de ela ter voltado para Atlanta. Foi condenada a cinco anos de prisão. O julgamento não durou nem vinte minutos, pois ela não havia nem providenciado um advogado. Sabia que era culpada e iria pagar pelos seus crimes.
Ela foi encaminhada para uma penitenciária feminina em uma cidade vizinha de Atlanta, com uma supervisão especial do Tenente Malik, que iria usar boa parte dos seus dias para estuda-la.
Não apenas seu jeito de pensar, mas havia algo em Amélia que o atraía, e ele iria descobrir o que era, nem que haja consequências.

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