segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Obscure - Chapter twelve

Depois de muito tempo, enfim Amy recobrou sua consciência. Era praticamente um milagre estar viva a esta altura do campeonato. Tateou a superfície na qual estava deitada e sentiu grama entre seus dedos. Lentamente abriu seus olhos e viu o céu nublado, e os únicos sons que ouvia era dos carros passando no asfalto, e de água corrente.

 
Com muito esforço conseguiu se levantar, ficando então sentada. Sentiu uma dor indescritível ao realizar tal ato, por sua vez tão simples. Concluiu que estava em uma rodovia, ao lado do corpo sem vida de Candice. Um bom lugar para desovar vítimas, já que há grama alta e um córrego por perto. Olhou para suas vestes pretas, e estavam totalmente sujas de sangue. Sua cabeça estava rodando.
Seu corpo entrou em estado de alerta. Havia perdido muito sangue, e se não tratasse disso logo, iria morrer. Começou a ofegar, e uma onda de adrenalina percorreu seu corpo, fazendo a dor passar por instantes. Olhou a sua volta, e raciocinou; estava em uma rodovia, não havia nada por perto. Apenas uma, que podia ser sua salvação, ou até mesmo destruição.
A casa de Lucca. Ficava a cinco minutos da rodovia. Levantou-se em um pulo, ignorando a pontada de dor. Faria de tudo para sobreviver. Despediu-se do corpo de Candice e andou até a casa de Lucca, se guiando com vagas lembranças.
Estava quase perdendo a consciência quando viu, do outro lado da rua, sua salvação. Esperou o movimento dos carros passar e foi correndo em direção a casa acinzentada de dois andares, na qual residiu durante boa parte da sua vida. Tocou a campainha, se apoiando nos pilares que havia na entrada, para não desmaiar. Deu-se ao luxo de sorrir assim que ouviu a voz de Rosa, e enfim ver a maçaneta girando.
Assim que a ruiva abriu a porta e se deparou com Amy, sentiu um misto de alegria, por estar voltando, e tristeza, por estar ferida. Abriu os braços para abraça-la, mas assim que Amy foi realizar tal ato, desmaiou em seus braços.
“O bom filho a casa torna”
Prendeu sua respiração assim que sentiu uma leve ardência no lugar onde havia sido baleada. Alguém estava limpando seu machucado, e esse alguém era Rosa. Abriu os olhos lentamente, e se viu deitada em seu antigo quarto. O rosto sorridente de Rosa a encarava, e na escrivaninha ao seu lado havia uma bandeja com um lanche, uma vasilha com água, alguns algodões sujos de sangue e uma bala de revólver.
— Felizmente, você perdeu a pior parte. Não sei como não acordou. — disse, pegando a bala e entregando a Amy. Ergueu-se e viu alguns pontos em seu abdome, que logo foram cobertos por um grosso curativo. Rosa era mesmo muito boa nisso.
— Obrigada. Por me ajudar, mesmo depois de eu, bom, ter abandonado vocês.
— Já era de se esperar que você fugisse. A maneira que Lucca te tratava não era das melhores. Mas era para o seu bem.
— Meu bem? — ironizou.
Ela suspirou.
— Você logo entenderá. Mas agora coma, se não vai desmaiar de novo. — pegou a bandeja e colocou-a no colo de Amy com muito cuidado — Coma devagar. — se retirou do quarto, fechando a porta.
Ela devorou a comida em poucos minutos, e já estava se sentindo bem melhor. Tentou se levantar para chamar rosa, mas os pontos doíam a cada movimento brusco, então preferiu ficar deitada.
Logo a porta se abriu, mas não era quem ela esperava, e sim Lucca, e não parecia ser a mesma pessoa. Em dois meses, pareceu ter envelhecido dez anos, pois havia deixado à barba crescer e estava usando óculos, que antigamente só usava em poucos casos; seu olhar estava caído e triste, e não havia mais aquele brilho em seus olhos, que amedrontava tanta gente. Agora era apenas alguém.
— Amélia — pronunciou seu nome como pronunciava antigamente —, estou feliz por você ter voltado.
— Não irei ficar por muito tempo — estreitou os olhos.
— Quem foi que fez isso com você? — disse, se referindo ao curativo.
— Pietro. — ao ouvir o nome, a expressão de Lucca mudou automaticamente, e seus olhos se arregalaram — Conhece?
— Desculpe o que você disse? — gaguejou.
— Pietro — disse pausadamente —, não ouviu?
Lucca demorou alguns instantes para responder.
— O que você fez Amélia! — elevou seu tom de voz, levando as mãos à cabeça.
— Oras, nada demais. Eu apenas procurei abrigo, e ele estava lá. Alguma coisa demais nisso?
— Aquela pensão é apenas de fachada. Ele usa as pessoas, ele as faz matar! Ele é um assassino! Você caiu na conversa dele?
— Quem você acha que era Atlanta’s Knife?
— Você acha que isso é uma dádiva, mas na verdade é uma maldição. Vai levar isso pra vida toda, sabendo que foi usada! Ele te tratou bem para simplesmente te largar depois. Agora me diga, o que ele te prometeu?
— Vingança. Disse que poderia me vingar dos assassinos de meus pais. Poderia me vingar de você! — elevou o tom de voz.
— De mim?
— Você matou meus pais. Você causou o incêndio. — sua voz já estava embargada.
— Você está totalmente enganada. Sinceramente, seu eu conseguisse, salvaria seus pais. Eu salvei você. Também estou envolvido em tudo isso. Pietro está envolvido em tudo isso.
— De que jeito? — perguntou.
— Mais do que você pensa.
Ele respirou fundo, como se estivesse se preparando para contar uma longa história. E estava.
— Pietro esteve nessa história desde o início, e acredite, ele não era o “bonzinho”, como você diz. Durante uma época, seu pai pediu alguns favores de Pietro, mas no fim não possuía o dinheiro suficiente para pagá-lo. Pietro deu alguns dias de prazo, mas mesmo assim ele não conseguiu a quantia necessária, pois pelo visto era muita. Então ele começou a ameaça-lo, dizendo que, se não pagasse com dinheiro, pagaria com a vida dos que amava...
O telefone de Alfred Clarke toca, e pelo visto não é um bom sinal. Como era de se esperar, o nome do visor indicava que era Pietro. Limpa a garganta e atende, por fim.
— Alô? — gaguejou.
— Sabe que não pode fugir de mim por muito tempo, não sabe? Eu preciso desses cinco mil, e agora.
— Eu não vou conseguir tudo isso até segunda, eu preciso de mais algum tempo — proferiu, colocando as mãos no rosto em sinal de nervosismo.
— Nós não temos tempo, e você sabe disso melhor do que ninguém. Também sabe que se não pagar com dinheiro vai pagar com a vida de quem você ama.
— Você sabe que eu nunca faria isso, era é minha filha, a única pessoa que eu tenho no mundo, por favor, me dê apenas mais dois dias.
O homem suspirou do outro lado da linha.
— Mais dois dias — deu ênfase — ou sua filha... — ouviu-se o barulho do gatilho — Morre.
— Eu tenho que desligar — disse apressado, assim que viu Amélia encostada na parede da cozinha.
— Papai, o que o seu chefe quer comigo? — perguntou, com toda a sua inocência. Mal sabia que estava sendo ameaçada, por algo que nem era da sua conta.
Continua...

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